Cursos profissionalizantes garantem inclusão feminina em Minas Gerais

Sedpac oferta qualificação com curso de marcenaria, Construção Civil e Medicina Popular,com estímulo à autonomia e ao empoderamento de mais de 400 mulheres em situação de vulnerabilidade.


“Nós mulheres somos muito diversas entre nós e neste projeto de formação estamos levando em conta os territórios com suas demandas regionais tão distintas. Boa parte das mulheres têm dificuldades de romper com suas situações de vulnerabilidade e os cursos pretendem contribuir para autonomia delas, conscientizando-as sobre seus papeis de sujeitos na sociedade, pois construir o próprio caminho é um direito e uma necessidade”

Renata Rosa, superintendente de Autonomia Econômica das Mulheres e Articulação Institucional da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Social.

Assentar azulejos, serrar madeira para moldar brinquedos, estudar as plantas para produzir medicamentos naturais. Estas são frentes de atuação que a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Social (Sedpac) desenvolve para estimular a diversidade, desmitificar as diferenças de gêneros e dar mais poder às mulheres em situação de vulnerabilidade.

Nesse contexto, a Sedpac abre o leque de opções e investe em qualificação e formação profissional em áreas como Introdução à Marcenaria, Construção Civil e Medicina Popular. Os cursos oferecidos se estendem até julho deste ano.

O objetivo é implementar políticas públicas voltadas para as mulheres na defesa de princípios democráticos, inclusão, ascensão e a permanecia delas no mundo do trabalho. Este é um dos focos do Governo de Minas Gerais para promover o desenvolvimento econômico,cultural e social em todos os territórios de desenvolvimento.

Os cursos presenciais terão aulas teóricas e práticas e serão ministrados por meio de um contrato, em parceria com o Instituto Cultural Boa Esperança, com carga horária entre 60 e 200 horas aulas, entre os meses de abril e julho.

O programa visa a formação integral da mulher, envolvendo também oficinas de experimentação, módulos para a conscientização do papel na sociedade, pesquisas, dinâmicas, entre outros. 
As necessidades das trabalhadoras, o desenvolvimento do território, do mercado de trabalho e do perfil da população a ser atendida, além da realidade local, são os pilares da análise do projeto desenvolvido.

Os cursos buscam oferecer uma abordagem participativa, dando às educandas a liberdade da construção de saberes, com a utilização de filmes, vídeos, imagens, dinâmicas em grupo, através de uma abordagem metodológica, que tem o intuito de tornar mais ativa a participação de cada aluna.

Segundo a superintende da Sedpac, Renata Rosa, o curso é realizado para "descontruir o paradigma que define e pré-determina a cor, o papel e o lugar da mulher na sociedade". Ainda de acordo com ela, é preciso trabalhar para todas as mulheres e, nesse caso, focando nas necessidades e demandas delas em cada um dos territórios de desenvolvimento para ampliação dos seus direitos sociais.

Profissionalização ultrapassa barreiras
Foi no intuito de se tornar uma multiplicadora de conhecimentos na área da saúde, gerar renda para sua sobrevivência e economizar dinheiro com medicamentos, uma parte que pesa muito no orçamento de milhares de pessoas, é que a doméstica Valdirene Francisco de Oliveira, de 41 anos, se interessou em entrar no curso de Medicina Alternativa.

“Uma das questões que me levaram ao curso de medicina popular é o alto custo dos medicamentos comprados nas farmácias. Os medicamentos naturais têm uma eficácia na cura e no alívio de muitas doenças e incômodos, o que possibilita, além de uma economia em medicamentos, que eu possa promover saúde natural e, com isso, gerar renda. Tomara que tenha mais cursos na área da formação de mulheres”, diz Valdirene.

Logo após concluir o curso, há cerca de um mês, ela já vislumbra um futuro promissor. “Quero formar uma minicooperativa de mulheres que atuam na área da Medicina Alternativa”, antecipa Valdirene.

Um dos conteúdos do curso de Introdução à Marcenaria, que será direcionado exclusivamente a mulheres pré-egressas do sistema penal, criando oportunidades de trabalho após o cumprimento da pena, vai abordar, por exemplo, a “Igualdade de gênero e Empoderamento: a cultura patriarcal, emancipação feminina, a violência contra as mulheres, a busca de autonomia e a igualdade de direitos”.

Os módulos I e II da grade curricular de todos os cursos representarão uma carga horária de 10 horas no total.

O curso de Marcenaria, com foco em Brinquedos Pedagógicos, vai beneficiar 100 mulheres, em 12 turmas distintas, dos municípios de Caxambu, Ribeirão das Neves, Rio Piracicaba, Belo Horizonte, Unaí, Uberaba, Ipatinga, Montes Claros, Varginha, Abre Campo, Barbacena e São Joaquim de Bicas.

De acordo com a pedagoga e analista do Presídio Feminino José Abrantes Gonçalves Rejane Cândido, de Ribeirão das Neves, o curso é, na perspectiva das detentas, uma nova chance de iniciar a vida.

"As alunas do presídio procuraram estes cursos para se assegurarem no mercado de trabalho e desenvolverem carreiras, já que a marcenaria pode dar um retorno econômico promissor", afirma Rejane. Ela destaca que as alunas ficam muito curiosas com o conhecimento que vão receber.

"A marcenaria é uma área que tem muitos homens atuando, mas elas não se intimidam, estão dispostas a pegar no pesado, aprender e conquistar o domínio da prática e se sentem empoderadas de poder exercer uma profissão em que vão gerar renda e ter autonomia"

Rejane Cândido, pedagoga e analista do Presídio Feminino José Abrantes Gonçalves.

A formação em Construção Civil, voltada para mulheres que se interessem pela atividade de pedreira de acabamentos, vai englobar conhecimentos sobre como desenvolver a colocação de pisos e azulejos, fazer pinturas, atuar na colocação de gesso e outras atividades de acabamentos.

As mulheres que concluírem a qualificação profissional vão ser direcionadas para a construção da Casa da Mulher Brasileira. O curso de Marcenaria será ministrado a 100 alunas dos municípios de Contagem, Lagoa Santa, Santa Luzia, Belo Horizonte, em quatro turmas.

A formação em Medicina Popular vai possibilitar ampliar conhecimentos em terapias alternativas e saberes populares de manuseio e preparo de plantas medicinais e medicamentos naturais. Busca reforçar as culturas tradicionais mineiras de medicina alternativa nos municípios de Araçuaí, Araguari, Almenara, Ibiá, Minas Novas, Chapada do Norte, Jequitinhonha. Serão 7 turmas para formar 100 mulheres em situação de risco nestas regiões do interior do Estado.

A autonomia econômica e o empoderamento das mulheres, com base na articulação entre a Sedpac, o poder público municipal e demais instituições, são desenvolvidos para atender às demandas específicas focadas na transversalidade e territorialização das políticas públicas de formação profissional do Governo do Estado.

Fonte: http://paracatu.net